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CUIDADOS ESTÉTICOS NO TRATAMENTO DA ACNE

Dr. André Teixeira, colunista SOBRAFE





  
















      A acne, popularmente conhecida como “cravos e “espinhas”, é uma condição comum da pele onde a sua causa envolve vários fatores e elementos. Acomete ambos os sexos, sendo seu início comum na adolescência e podendo se prolongar para vida adulta. Afeta áreas da pele como maior número de folículos sebáceos, como a face, a parte superior do tórax e o dorso. Quando não tratada de forma adequada provoca problemas estéticos variados que conduzem a problemas psicossociais, como diminuição da autoestima e da autoconfiança, culminando em afastamento social e até mesmo em depressão.
São quatro os fatores principais que estão implicados no desenvolvimento da acne, estando intimamente inter-relacionados, sendo os dois primeiros responsáveis pela formação dos comedões. São eles:



  1. Hiperprodução sebácea: Os hormônios androgênios (testosterona, DHEA-S e androstenediona) são reduzidos, a nível dos receptores na glândula sebácea, pela 5-α-redutase tipo I, em di-hidrotestosterona (DHT), que é a substância responsável pelas alterações sebáceas.
  2. Hiperqueratinização folicular: Ocorrem anomalias na diferenciação e adesão dos queratinócitos (células responsáveis pela produção de queratina) a nível do folículo piloso, que conduz ao entupimento do folículo e formação de comedões. Estas anomalias são, também, consequência da estimulação pelos hormônios androgênios.
  3. Colonização bacteriana: A Propionibacterium acnes e o Staphylococcus albus são as bactérias responsáveis pela colonização do folículo piloso. Esses microrganismos são responsáveis por alterar os lipídeos presentes no sebo, em especial pela formação de ácidos graxos livres, os quais tem propriedades pró-inflamatórias.
   
  Reação inflamatória: Em consequência a liberação de mediadores inflamatórios pela resposta imunitária, ocorre a ruptura da parede da glândula, sendo essa reação a responsável pelas lesões inflamatórias.

    A acne pode ser classificada em diferentes graus, dependendo do tipo e gravidade das lesões encontradas, podendo ser não-inflamatória, quando apresenta apenas comedões sem sinais inflamatórios, e inflamatória. Dependendo do número, intensidade e características das lesões, pode ser classificada do grau I ao IV. Entretanto, em um tipo de acne pode estar
presente outros tipos de lesões.

  Grau I (comedônica): Presença apenas de comedões sem sinais inflamatórios. O comedão fechado (cravo branco) é formado pelo acumulo de células no infundíbulo folicular tomando forma esférica. Já o comedão aberto (cravo preto) se dá pelo acumulo de células e sebo colonizados pela Propionibacterium acnes, sendo a cor escura da lesão devido a presença de melanina.





Grau II (pápulo-pustulosa): Caracteriza-se por seborreia, comedões abertos, pápulas e pústulas. A intensidade do quadro é variável, com poucas a numerosas lesões e eritema inflamatório também variável.
  

Grau III (nódulo-cística): Constitui de seborreia, comedões abertos, pápulas e pústulas, com reação inflamatória intensa, levando a formação de nódulos que podem conter pus.




Grau IV (conglobata): Quadro idêntico ao Grau III somado a nódulos purulentos formando abcessos e fístulas, que podem drenar espontaneamente. Acomete, geralmente, a face, o pescoço e o tórax, sendo mais frequente no sexo masculino.

    A determinação da gravidade da acne deve levar em consideração uma avaliação geral do estado das lesões, sendo classificadas em leve, moderada ou grave/severa, representando uma síntese entre o tipo, quantidade, tamanho e extensão das lesões.
   As resoluções do Conselho Federal de Farmácia nº 573/2013, nº 616/2015 e nº 645/2017 reconhecem a saúde estética como uma especialidade farmacêutica, desde que as técnicas e recursos utilizados pelo profissional sejam para fins estritamente estéticos e não haja prática de intervenções de cirurgia plástica. Dentre outros pontos importantes, as resoluções determinam ainda que é responsabilidade do farmacêutico, legalmente habilitado em estética, a avaliação, a definição dos procedimentos e estratégias, o acompanhamento e a evolução estética, além de possuir autonomia para a aquisição e o uso de algumas substâncias especificadas na resolução n° 645/2017, incluindo a tretinoína (ácido retinóico de 0,01% a 0,5% de uso domiciliar e até 10% para uso profissional).
  Pelas suas características de baixa gravidade e que resultam em apenas alterações estéticas, o farmacêutico esteta pode tratar até o grau II de acne, sendo necessária a intervenção de outro profissional da saúde legalmente habilitado para definir a melhor conduta terapêutica a ser seguida pelo paciente nos casos mais graves já que se fazem necessários o uso de antibióticos e retinóides de ação sistêmica.
  O tratamento de acne pelo farmacêutico esteta é baseado na prescrição de ativos dermatológicos capazes de controlar a hiperqueratinização, diminuir a produção de sebo, reduzir a população bacteriana e eliminar a inflamação.
São ativos dermatológicos dentre os vários que podem ser empregados pelo farmacêutico no tratamento da acne:


Ácido azelaico.
Ácido glicólico.
Ácido mandélico.
Ácido retinóico.
Ácido salicílico.
Ácidos graxos essenciais.
Antioxidantes.
Enxofre.
Extrato de Calendula officinalis.
Extrato de Camellia sinensis.
Extrato de Hamamelis virginiana.
Extrato de Matricaria recutita.
Extrato de própolis.
Nicotinamida.
Óleo de melaleuca.
Probióticos, prebióticos e simbióticos.
Triclosan.
Vitaminas e minerais.
   
  O farmacêutico esteta legalmente habilitado pode ainda lançar mão de procedimentos estéticos no intuito de potencializar o tratamento da acne, como:


Limpeza de pele.
Peelings.
Microdermoabrasão.
Ledterapia.
   

  Nunca use produtos industrializados ou caseiros sem orientação profissional. Consulte sempre um farmacêutico esteta.


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